Ao longo de aproximadamente 40 semanas, uma mulher grávida se prepara para colocar seu filho no mundo. Durante esse tempo, esse bebê permaneceu protegido dentro de sua barriga e recebeu todos os nutrientes que precisava através do cordão umbilical, respirar por conta própria para sobreviver.
No entanto, apenas segundos após o nascimento, o recém-nascido precisa puxar seu primeiro “gole” de ar por conta própria. E o que acontece a partir desse momento? Como o corpo humano é preparado para essa ação? Entenda todos os detalhes desse processo ao longo dos próximos parágrafos!
Funcionamento do corpo na gestação
Em questão de segundos após o parto de uma criança, os minúsculos pulmões do recém-nascido e todo o seu sistema circulatório precisam se adaptar para aguentar essa nova realidade. Logo, esses primeiros momentos acabam sendo o fôlego mais desafiador da vida de uma pessoa — mesmo que tão jovem.
Quando ainda estamos no útero de nossas mães, os nossos pulmões não fornecem oxigênio durante a gestação. Nessa fase, esses órgãos estão parcialmente colapsados e cheios de líquido que nos ajudará no período de desenvolvimento. Todo o oxigênio que precisamos vem do cordão umbilical da placenta.
Como os pulmões ainda não estão envolvidos com o suprimento de oxigênio, a maior parte do suprimento sanguíneo fetal passa pelo pulmão através de dois vasos sanguíneos exclusivos dos fetos: o forame oval e o ductus arteriosus, que conectam artérias de nosso corpo.
Transformação do sistema circulatório
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Ao contrário do que acontece no coração dos adultos, os bebês possuem o lado direito do órgão como dominante quando saem do ventre. Tudo isso é devido aos vasos sanguíneos exclusivos e temporários, os quais bombeiam sangue oxigenado para o corpo todo.
Porém, logo quando nascemos, o nosso sistema circulatório precisa se reorganizar. O ventrículo esquerdo torna-se dominante, responsável por enviar sangue por todo o corpo, enquanto o ventrículo direito assume a nova função de enviar sangue pobre em oxigênio para os pulmões.
As células responsáveis pela secreção de fluido nos pulmões do feto passam a absorver todo o líquido que estava em nossos pulmões para liberar espaço para a entrada de ar. A primeira respiração de um bebê pode ser tão forte e dramática que, em alguns casos, até mesmo um buraco nos pulmões de recém-nascidos pode acontecer.
Sumiço dos vasos sanguíneos
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Conforme o corpo vai se adaptando e a pressão pulmonar torna-se menor do que a pressão sanguínea durante as contrações cardíacas, o forame oval se fecha por completo. Sem essa antiga passagem entre os átrios direito e esquerdo, o sangue desoxigenado parra a fluir pelo átrio direito para o ventrículo direito inferior — sendo levado para os pulmões.
Enquanto isso, a baixa pressão no sistema pulmonar diminui o sangue do ductus arteriosus, o vaso sanguíneo que permite que o sangue contorne o pulmão e siga para o corpo. Não mais necessário, o ducto começa a se contrair e se fecha nos primeiros dois dias de vida.
Neste ponto, 100% do suprimento de sangue do bebê vai para os pulmões, onde todo o sangue saturado de dióxido de carbono será substituído por sangue oxigenado absorvido pelo bebê. Em um bebê saudável, a maior parte de toda essa jornada leva cerca de 5 minutos, mas toda a transição é gerada em uma única respiração.