Um episódio constrangedor marcou um dos ensaios mais aguardados da fanfarra de João Monlevade. O regente Wanderson dos Santos dirigia a prática da fanfarra na Escola Municipal Cônego José Higino de Freitas, quando a tranquilidade foi abruptamente interrompida pela chegada de uma viatura policial.
O motivo da intervenção policial foi um chamado feito por vizinhos, alegando ruído excessivo. Porém, é importante ressaltar que o ensaio ocorria durante o dia e com a autorização tanto da escola quanto da Secretaria de Educação. Mesmo assim, Wanderson foi obrigado a comparecer à delegacia, sendo transportado dentro da viatura policial, apesar de solicitar utilizar seu próprio veículo. No ano anterior, também houve uma reclamação similar, porém sem a necessidade de encaminhamento à delegacia.
Em entrevista concedida ao Junto Com Você, Wanderson demonstrou seu descontentamento com o ocorrido: “Estamos proporcionando um serviço cultural e oferecendo aos adolescentes uma oportunidade fora das redes sociais.” Sua opinião é compartilhada pelo diretor da Escola Municipal Cônego José Higino de Freitas, Fabrício Brandão, que afirmou: “Isso é muito lamentável. Os ensaios ocorrem das 15h às 17h30 e envolvem alunos, ex-alunos e membros da comunidade.”
Wanderson ressalta que a banda é uma forma de transmitir aos integrantes os valores de disciplina, harmonia e musicalidade. Ele destaca a importância da fanfarra como um instrumento para ajudar os jovens que enfrentam problemas como a depressão e auxiliar no desenvolvimento da coordenação motora. Além disso, ele critica a atitude de quem acionou a polícia, afirmando: “Chamaram a polícia porque somos pessoas de bem, mas não têm coragem de chamar quando se trata de usuários de drogas.”
O ensaio interrompido fazia parte dos preparativos para o desfile de Sete de Setembro, uma tradição de décadas em João Monlevade. O ponto alto do evento são as bandas marciais que percorrem a avenida Getúlio Vargas, encantando o público com sua música e sincronia. Em 2019, a fanfarra apresentou clássicos do cancioneiro popular, como “Se Essa Rua Fosse Minha”. Wanderson destaca que a música é uma forma de enaltecer a pátria e seus valores. Apesar do contratempo, ele reafirma que não desistirá, mas que os ensaios serão realizados em outros locais, como a praça Onofre Newton Ambrósio, no bairro República. Neste último sábado (30), a demonstração aconteceu na praça do Povo.