Mestre dos quadrinhos e escritor brasileiro aclamado, ele parou de produzir em 2018, depois de um AVC
Morreu na tarde deste sábado (6) o cartunista, desenhista e escritor brasileiro Ziraldo, aos 91 anos. A informação foi confirmada pela família. Segundo os parentes, sem revelar a causa, ele morreu dormindo, quando estava em casa, no Rio de Janeiro.
Pai do “O Menino Maluquinho”, seu maior sucesso, o artista criou vários outros personagens famosos, que ajudaram a construir o imaginário infantil de milhões de crianças brasileiras. Entre eles, “Turma do Pererê”, “Flics”, “Menino Quadradinho”.
Ziraldo parou de produzir textos e desenhos em setembro de 2018, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Seu estúdio, onde trabalhou durante 70 anos, instalado na zona sul do Rio, está sendo transformado no Instituto Ziraldo.
Atualmente, uma exposição sobre sua trajetória e suas criações, a “Mundo Zira – Ziraldo Interativo”, estava em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB RJ).
Trajetória de Ziraldo
Mais velho de sete irmãos, Ziraldo Alves Pinto nasceu em 24 de outubro de 1932, na cidade mineira de Caratinga. O talento para o desenho ficou evidente logo cedo, pois o menino desenhava nas paredes das casas e das calçadas. Seu primeiro desenho foi publicado no jornal Folha de Minas em 1938, aos seis anos de idade.
Em 1957 Ziraldo formou-se em Direito pela então Universidade de Minas Gerais, atual Universidade Federal de Minas Gerais. Porém, ele nunca exerceu a profissão. Antes de se formar, em 1954, começou a trabalhar no jornal Folha da Manhã, atual Folha de S.Paulo, publicando uma coluna de humor.
Três anos depois migrou para O Cruzeiro, dos Diários Associados, então maior publicação impressa brasileira. E em 1963 foi para o Jornal do Brasil. Lá criou seus personagens mais conhecidos: a Supermãe e Jeremias o Bom, entre eles.
Ziraldo foi o primeiro cartunista a lançar uma revista de quadrinhos autoral, a Turma do Pererê. Ela começou a ser publicada em 1960, mas teve sua publicação suspensa em 1964 após o golpe que implantou a ditadura militar no Brasil. Foi fundador e, mais tarde, diretor de redação do jornal O Pasquim, publicação independente de oposição à ditadura. Isso lhe valeu uma prisão em dezembro de 1968, um dia após a promulgação do AI-5.
Um certo desencanto com a política e com o jornalismo fez Ziraldo testar um novo meio, a literatura infanto-juvenil, onde obteve um surpreendente sucesso. Em 1980 ele lançou “O Menino Maluquinho”, livro que contava a história do menino que “tinha o olho maior que a barriga, fogo no rabo e vento nos pés”. Mesclando textos e quadrinhos, a publicação se transformaria em um de seus maiores sucessos.
Ziraldo era casado desde 2002 com Márcia Martins. Tinha três filhos do primeiro casamento, com Vilma Gontijo: a cineasta Daniela Thomas (nascida Daniela Gontijo Alves Pinto), o compositor Antonio Alves Pinto e Fabrízia Alves Pinto.